sábado, 19 de abril de 2014

A Bíblia: Uma Pedra no Caminho!

por Vincent Cheung

"Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti." (Gálatas 3:8)

Aqui está um mais curioso caso de personificação. No relato de Gênesis foi Deus quem falou a Abraão, mas neste versículo, é dito que a Escritura - isto é, a Bíblia, o livro mesmo - falou a Abraão. A palavra "Escritura" refere-se a alguma escrita, entretanto, mesmo se o que Deus disse foi imediatamente passado para a forma escrita, ainda não estava na forma escrita quando ele disse o que disse. Sem embargo, aqui é dito que a escritura pronunciou a promessa a Abraão. 

Dois atributos divinos são atribuídos às Escrituras. Primeiro, Paulo escreve que as Escrituras "previram" algo. E o informe do apóstolo faz uma distinção entre a Escritura e Deus - A Bíblia previu que Deus faria algo. Mas não foi Deus que previu o que Ele mesmo faria? Aqui a personificação é total. Ele se refere a Bíblia como algo que é vivo, pessoal e divino. Segundo, Paulo escreve que as Escrituras anunciaram, ou proclamaram, o evangelho a Abraão. A promessa veio de Deus mesmo. Isso não foi um depoimento relatado por um servo ou mensageiro, mas foi o pronunciamento primário da promessa. Deus mesmo disse isso,e somente Deus poderia fazê-lo. Mas aqui ele diz que a Bíblia que o fez.

Quatro inferências são extraídas disto. Primeiro, um dos princípios fundamentais da fé cristã  é que , para muitos intentos e propósitos, Deus e a Escritura são intercambiáveis. Por exemplo, Deus e a Escritura devem ser considerados idênticos em verdade e em autoridade. Segundo, em muitos contextos é inteiramente apropriado referir-se a Escritura como nós nos referimos a Deus. De fato, isto deve ser esperado, até mesmo completamente exigido de todos os Cristãos. Deveria ser natural dizer "a Bíblia ordena a você...", "A Bíblia proíbe você" ou "A Bíblia prevê que...". Nós devemos suspeitar de uma pessoa se, numa análise de suas declarações, encontrarmos um deliberada e consistente distinção entre Deus e as Escrituras. Terceiro, a formulação ou aplicação aqui feita acerca das Escrituras não incorre de forma alguma na acusação de bibliolatria, acusação esta que fatalmente diminui a própria estima que a Bíblia faz de si mesma, e assim tornando-a indigna desta formulação. Quarto, se as Escrituras podem possuir divino conhecimento e fazer divinos pronunciamentos, então existe a possibilidade de difamá-la e caluniá-la. Qualquer declaração feita acerca da Bíblia que falha em identificá-la com a própria verdade, conhecimento e autoridade de Deus, deve ser reputada como calúnia e blasfêmia. O ofensor deve ser tratado de acordo - isto é, ele deve ser inicialmente removido de todos os ofícios da igreja, em seguida interrogado pela igreja e , caso não haja uma completo arrependimento e retratação, deverá ser excluído de todos os privilégios e relações da Igreja. 

Concordamos que a mensagem da Bíblia ofende aos não-cristãos. Mas a forma de sua existência é também um pedra no caminho deles. Mesmo se eles estivessem prontos para crer em Deus completamente, eles não poderiam esperá-lO falar a eles através da Bíblia, isto é, através de um livro. Naamã disse que pensava que o profeta Eliseu viria até ele, invocaria ao seu Deus, e passaria a mão sobre sua lepra para o curar. É claro que Deus poderia fazer deste modo, embora não tenha dado a Naamã o que este esperava. Mas alguns servos prudentes argumentaram com Naamã de forma que ele se submeteu às instruções do profeta e foi curado. Agora, não-cristãos esperam que Deus faça uma mão aparecer e escrever uma mensagem diante dos seus olhos, ou falar do céu com uma voz de trovão. Ou eles esperam que Cristo apareça a eles numa luz ofuscante dizendo, "Tolos, Tolos, porque me perseguem? Dura coisa é para vocês recalcitrarem  contra os aguilhões!", ou melhor, "dura coisa é para vocês continuarem a bater suas cabeças contra o muro!".

Deus tinha de fato feito todas estas coisas, e contrário a muitos teólogos, Ele ainda poderia fazê-los se Ele quiser. Nada há na Bíblia para nos garantir que ele agiria sempre de acordo com a doutrina do cessacionismo. Todavia, em muitos casos, a verdade de Jesus Cristo não alcança o homem através daquilo que eles consideram meios extraordinários. Em vez disso, Deus entrega a eles um livro, e com efeito diz, "Leia isto!", "Creia nisto e viverás. Não creia e queimarás no inferno". Isto é muito difícil, até mesmo impossível, para um não-cristão aceita. Deus designou este obstáculo para expor aqueles que são destinados ao fogo do inferno, e excluí-los da vida eterna. Não é que a divindade da Bíblia esteja escondida, mão os pecadores é que estão cegos para ela. Como Jesus disse, se alguém recusa crer em Moisés, então ele recusaria crer mesmo que uma pessoa ressuscitasse da morte para lhe falar. A recusa dos homens em ouvir o Cristo exaltado é o cumprimento final desta cegueira. Mas Deus desperta a inteligência dos seus eleitos para compreenderem a sabedoria e o poder da Bíblia e perceberem que este Livro é idêntico a voz de Deus.

A Bíblia contou a Abraão que ele seria o pai de muitas nações, e que através dele todo tipo de pessoas seria abençoado. A promessa nunca significou que isto seria cumprido por meio da carne, mas sim pelo poder de Deus. Nunca significou que seria cumprida pelo modo como Ismael veio, mas sim do modo como Isaque veio. Todas as nações seriam abençoadas porque através da semente de Abraão, Cristo haveria de nascer, e seu evangelho seria proclamado aos quatro cantos da terra, convertendo multidões a verdade, salvando-as do pecado e do inferno, e assegurando-lhes seu lugar no céu. Eles seriam unidos através desta promessa que veio através de Abraão. Se judeu ou não-judeu, homem ou mulher, rico ou pobre, eles seriam unidos - abençoados por uma promessa - por sua fé comum em Jesus Cristo!



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