sábado, 22 de dezembro de 2012

Tesouro em vasos de barro

por Anderson Loureiro

Abaixo, compartilho uma reflexão sobre humildade, compartilhada anteriormente com meus irmãos na União Evangélica do meu local de trabalho.

Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não da nossa parte. (2 Co 4.7)

Em sua segunda carta aos Coríntios, vemos o Apóstolo Paulo tratando de diversas questões, procedimento peculiar em suas cartas. Nela, o encontramos defendendo sua autoridade apostólica e a sua fidelidade na forma como ele cumpria seu ministério. Em 1 Co 3.1 ele questiona os irmãos de Corinto sobre a necessidade dele recomendar-se novamente a igreja. Será que ele precisava de carta de recomendação para que ele fosse recebido nas igrejas? No mesmo capítulo 3 ele diz que a igreja de Corinto era a própria carta de recomendação dele. Ele afirmava que o ministério dele havia produzido algo grandioso: Os corintios eram a carta de Cristo! Paulo tinha plena confiança em Deus, por meio de Cristo, que esta carta havia sido escrita não com tinta, mas pelo Espírito Santo. Ele até afirmou que o ministério dele era superior ao de Moisés, como podemos observar nos versos 6 ao 18. Ele também inclui todos os irmãos nesses ministério quando ele diz “todos nós” no vs 18. Todos nós! Todos nós temos fazemos parte no Ministério do Espírito! Ó, que grande privilégio, quanta bençãos celestial! Ó, quanta ousadia, quanta autoridade e quanta capacidade recebemos do Senhor para atuarmos nesse ministério. Quanto poder recebemos para lutarmos em honra do nosso Grande Rei!
Entretanto, apesar de toda as riquezas que temos em Cristo, devemos ver o outro lado da moeda! Afinal, quão sujeitos somos a tantos erros! Quão falhos e incapazes somos em nós mesmos! Quão inclinados a achar que somos vasos de ouro! Quão inclinados somos aos aplausos dos homens! O nosso velho homem anseia por elogios! Que luta diária contra o orgulho, contra a soberba! 
Jonathan Edwards, um famoso pregador americano do século 17, chamou essa tendência de orgulho espiritual. Ele escreveu:

Visto que o orgulho espiritual, por sua própria natureza, é secreto, ele não pode ser bem discernido pela intuição imediata. O orgulho espiritual é melhor identificado por seus frutos e efeitos, alguns dos quais mencionarei em paralelo aos frutos contrários da humildade cristã. A pessoa espiritualmente orgulhosa se considera cheia de entendimento e sente que não precisa de qualquer instrução; por isso, ela se mostra pronta a rejeitar o ensino que outros lhe oferecem. Por outro lado, o crente humilde é semelhante a uma criança que facilmente recebe instrução; é cauteloso em sua avaliação de si mesmo e sensível a respeito de como está sujeito a tropeçar. Se lhe for sugerido que ele realmente está sujeito a tropeçar, com muita prontidão o crente humilde estará disposto a inquirir sobre o assunto. Pessoas orgulhosas tendem a falar sobre os pecados dos outros, ou seja, sobre a miserável ilusão dos hipócritas, sobre a indiferença de alguns crentes que sentem amargura ou sobre a oposição que muitos crentes demonstram para com a santidade. A verdadeira humildade cristã fica em silêncio no que se refere aos pecados dos outros ou fala sobre eles com tristeza e piedade. A pessoa espiritualmente orgulhosa encontra nos outros crentes o erro de falta de progresso na vida cristã, enquanto o crente humilde vê muitos erros em seu próprio coração e se preocupa, a fim de que ele mesmo não se veja inclinado a ocupar-se demais com o coração dos outros. Ele lamenta muito por si mesmo e por sua frieza espiritual, esperando prontamente que muitas outras pessoas tenham mais amor e gratidão a Deus, mais do que ele mesmo. A pessoa espiritualmente orgulhosa fala sobre quase tudo que percebe nos outros, fazendo-o com grosseria e com uma linguagem bastante severa. Em geral, a crítica de tais pessoas se dirige não apenas contra a impiedade dos incrédulos, mas também contra os verdadeiros filhos de Deus e contra aqueles que são seus superiores. Os crentes humildes, por sua vez, mesmo quando fazem extraordinárias descobertas da glória de Deus, sentem-se esmagados por sua própria vileza e pecaminosidade. As exortações deles para os outros crentes são ministradas de maneira amável e humilde; e tratam os outros com tanta humildade e gentileza quanto o Senhor Jesus, que é infinitamente superior a eles, os trata. O orgulho espiritual com freqüência dispõe a pessoa a agir de maneira diferente em sua aparência exterior e a assumir uma linguagem, semblante e comportamento diferentes. No entanto, o crente humilde, embora se mostre firme em seus deveres e prossiga sozinho no caminho do céu, mesmo que todo o mundo o abandone, ele não se deleita em ser diferente apenas por amor à diferença. O crente humilde não estabelece como objetivo primordial o ser visto e observado como alguém diferente; pelo contrário, ele está disposto a tornar-se tudo para todos os homens, sujeitar-se aos outros, conformar-se a eles e agradá-los em tudo, exceto no pecado. As pessoas orgulhosas levam em conta as oposições e injúrias, estando dispostas a falar sobre elas em tom de amargura e murmuração. A humildade cristã, por outro lado, dispõe a pessoa a ser mais semelhante ao seu bendito Senhor, que, ao ser maltratado, não abriu a sua boca, mas entregou-se silenciosamente Àquele que julga retamente. Para o crente humilde, quanto mais clamoroso e irado o mundo se mostra com ele, tanto mais quieto e tranqüilo ele permanecerá. Outro padrão das pessoas espiritualmente orgulhosas é comportarem-se de maneira que levem os outros a fazerem delas seu alvo. É natural para uma pessoa que está sob a influência do orgulho aceitar toda a reverência que lhe tributam. Se os outros mostram disposição para submeterem-se a ela e sujeitarem-se em deferência a ela, a pessoa espiritualmente orgulhosa está aberta para esta sujeição, aceitando-a espontaneamente. Na verdade, aqueles que são espiritualmente orgulhosos esperam esse tipo de tratamento, formando uma opinião pervertida sobre aqueles que não lhe oferecem aquilo que eles sentem que merecem.

Um reflexão e tanta sobre o perigo do orgulho espiritual! Por isso, creio que um dos antídotos contra o orgulho é os vasos de barro  lembrarem que são vasos de barro! Paulo escreve um “porém”! Temos, porém este tesouro, ou seja tudo a que temos acesso em Cristo Jesus, todo poder, ousadia, capacidade pelo Espírito Santo, todo esse tesouro nós temos em vaso de barro! Para quê? Para que a excelência do poder seja de Deus e não nossa! Temos que lembrar que somos vasos de barro para viver em humildade. A nossa exaltação, a nossa glorificação vem de Deus e não dos homens. Nós vivemos nesse mundo procurando agradar a Deus e depois, se possível for, aos homens. O selo de aprovação vem do Senhor! É isso que devemos almejar. Por isso lembremos, irmãos, que somos vasos de barro! Nosso valor não está em nós mesmo, mas no Tesouro que habita em nós, nosso bendito Senhor! A força para nossa jornada com Cristo não está em nós mesmos mas no Senhor Deus! Paulo sabia disso muito bem! Em 1 Co 15.10 ele diz: "Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus que está comigo". A graça de Deus nos humilha, o amor de Deus nos constrange! Citando Jonathan Edwards novamente: “nenhuma outra coisa deixa uma pessoa fora do alcance do Diabo como a humildade”.
Ah, meus queridos, que a graça de Deus nos leve a humildade. Que nunca nos esqueçamos que somos vasos de barro e que a excelência do poder é de Deus e não nossa!

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