quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A Verdade e a Supremacia de Cristo em um Mundo Pós-Moderno (1/6)

por Voddie Baucham 

Não há nenhuma dúvida de que a cultura contemporânea está em crise, precipitando-se rumo à destruição. Questões que antes eram consideradas assuntos definidos agora vêm à tona. Há cem anos, seria difícil prever um debate genuíno sobre a natureza e a definição do casamento, a moralidade de matar-se uma criança em meio a um processo de parto, ou se um homem é "religioso demais" para desempenhar um cargo no serviço público. No entanto, estas questões não somente estão sendo debatidas, mas praticadas. O casamento entre homossexuais está tendo lugar, o aborto é um procedimento comum, e os candidatos na política regularmente sujeitam suas convicções religiosas ao comando daqueles que os manipulam.

É neste contexto que o contraste total, entre a nossa cultura e o nosso Cristo, é visto mais agudamente. Talvez jamais tenha havido uma época melhor para ver e proclamar a supremacia de Cristo, particularmente na área da verdade. É contra o pano de fundo desta cultura que chama o mau de "bem" e o bem de "mal" - onde o pecado é celebrado e a justiça é ridicularizada - que o Cristo da Verdade brilha de modo mais resplandecente.

Pós-modernidade e um termo enganoso - até mesmo para os seus defensores! Mas se pudermos dizer algo de certo sobre a pós-modernidade, é que o conceito de verdade acessível, conhecível, objetiva, é a antítese à epistemologia pós-moderna padrão. O objetivo fundamental deste capítulo, no entanto, não é apresentar uma detalhada descrição da pós-modernidade, nem fazer uma defesa abrangente da verdade objetiva, mas celebrar e defender a supremacia de Cristo. A pós-modernidade não é suprema neste mundo. Cristo é o único que é, e sempre será Supremo. De modo que, se existe um conflito entre Cristo e pós-modernidade, Jesus vence todos os dias, o dia todo, e duas vezes aos domingos!

Duas Perspectivas Conflitantes
Nós podemos identificar duas principais perspectivas conflitantes em nossa cultura. Estas duas perspectivas foram mencionadas por muitos títulos diferentes, mas para nossos propósitos, farei referência a eles como teísmo cristão por um lado, e uma visão pós-moderna do humanismo secular, por outro. Reconhecendo que isto é uma simplificação excessiva, ainda é útil considerá-las como duas amplas e conflitantes visões da realidade. O meu plano, neste capítulo, é tratar das "questões fundamentais da vida" da perspectiva de cada uma das visões. Nós examinaremos, por meio de cinco categorias principais de perspectivas, perguntando como elas respondem:


  • à questão de Deus;
  • à questão do homem;
  • à questão da verdade;
  • à questão do conhecimento; e 
  • à questão da ética

A seguir passaremos a examinar como estas duas perspectivas conflitantes respondem às questões existenciais que cada um de nós tem.

A Questão de Deus
O teísmo cristão responde à questão de Deus, apresentando um ser necessário, inteligente, e Todo-poderoso. O humanismo secular pós-moderno, por outro lado, é fundamental e funcionalmente ateu. O homem é o ponto de partida nesta perspectiva convoluta. É bastante irônico, porque o humanismo secular ´a perspectiva dominante de grande parte das pessoas em nossa cultura, a maioria esmagadora de norte-americanos (nota do blog: dos brasileiros também) responde às pesquisas de opinião que crê em Deus.

A Questão do Homem
O teísmo cristão responde ao questionamento da natureza do homem, vendo-o como uma criação especial de Deus (cf. Gn. 1.26-28; 9.6). Em comparação, o humanismo secular pós-moderno vê o homem como um organismo monocelular enfurecido - um primata glorificado que perdeu a maior parte de seu pêlos e ganhou opositivos, um acidente cósmico sem pé nem cabeça.

A Questão da Verdade e do Conhecimento
O teísmo cristão considera a verdade como absoluta. Se alguma coisa é "verdadeira", isto é, se corresponde à perspectiva de Deus, então é verdadeira para todas as pessoas, em todos os lugares e épocas. No entanto, o humanismo secular pós-moderno encara a verdade de maneira diferente. A geração anterior do humanismo - que podemos chamar de humanismo super clássico - encarava a verdade através de lentes epistemológicas do materialismo naturalista. Era inerentemente atéia, uma vez que nada poderia ser conhecido, exceto este sistema fechado chamado "natureza". Se a natureza é um sistema fechado, então por definição, não existe nada como o sobrenatural. Tal pensamento é o ateísmo funcional a que me referi anteriormente. A maioria dos norte-americanos afirma crer em Deus enquanto adota uma epistemologia que rejeita a possibilidade de tal Ser (nota do bog: novamente o brasileiros podem estar incluídos aqui). Se a natureza é um sistema fechado, então o Deus em que se crê não pode ser o Deus da Bíblia. Apesar do fato dos pós-modernos rejeitarem o materialismo naturalista em favor do pluralismo filosófico e do experimentalismo, o resultado final é o mesmo. Ambas as visões rejeitam a verdade absoluta e objetiva da Palavra de Deus, e, no caso da pós-modernidade, a verdade objetiva de modo geral. O humanismo secular clássico rejeita a verdade, em favor da matéria; a versão pós moderna rejeita a verdade, em favor da experiência.
Agora, se você crê neste tipo de materialismo naturalista, como pode ousar referir-se a si mesmo como um cristão, ou como alguma coisa parecida com um cristão? Por que dizer que você crê em Deus quando, de uma perspectiva epistemológica, você exclui até mesmo a possibilidade de Deus?
O bispo episcopal John Shelby Spong, em seu livro A New Christianity for a New World (Um Novo Cristianismo par um Mundo Novo), faz exatamente isto, argumentando da perspectiva do materialismo naturalista. Ele argumenta que aquilo que precisamos fazer é passar para uma idéia não-teísta de Deus. Spong afirma que os seres humanos evoluíram para a perspectiva teísta atual, e precisamos continuar a evoluir, para uma visão não-teísta de Deus. Aqui está um homem que passou trinta anos no ministério pastoral e foi conferencista na Harvard Divinity Scholl, dizendo coisas como:

Eu não creio que Jesus tenha entrado neste mundo pelo milagre do nascimento virginal, ou que os nascimentos virginais aconteçam em qualquer lugar, exceto na mitologia. Não acredito que uma estrela de verdade tenha guiado homens literalmente sábios para levar presentes a Jesus, ou que anjos reais tenham cantado a pastores nas colinas, para anunciar o seu nascimento. Não creio que Jesus tenha nascido em Belém, ou que tenha sido lavado ao Egito, para escapar da ira do rei Herodes. Considero estas coisas como lendas que posteriormente se tornaram históricas, à medida que a tradição cresceu e se desenvolveu, e à medida que as pessoas procuravam entender o significado e o poder da vida de Cristo

Isto é o que acontece quando você se esconde em mantos sacerdotais, mas se apega a este tipo de epistemologia humana e secular que considera a natureza como um sistema fechado e o homem como nada além de um animal evoluído.

A Questão da Ética
O teísmo cristão considera a ética - a questão do certo e errado moral - como absoluta, uma vez que a moralidade está enraizada no caráter eterno e imutável de Deus. O humanismo secular e o seu aliado, o pós-modernismo, por outro lado consideram a ética como completamente cultural e negociável. Eles afirmam que o que é eticamente correto em uma cultura não é necessariamente permitido em outra cultura, e portanto, cada cultura negocia as suas próprias normas éticas. Como resultado, existem muitos professores de história que não estão dispostos a dizer que aquilo que os alemães nazistas fizeram, em seu esforço para exterminar os judeus, foi antiético, porque o humanismo secular permite que isto, de alguma maneira, se encaixe na estrutura e no contexto da cultura alemã, e na "ética negociada" que ela tinha desenvolvido naquela época.

Extraído do capítulo 2 do excelente livro publicado pela Editora CPAD, A Supremacia de Cristo em um Mundo Pós-Moderno.








Voddie Baucham é marido, pai, pastor, autor de livros, professor, pregador conferencista e plantador de igrejas. Ele serve como pastor de pregação na Igreja Batista Família da Graça em Spring, Texas.


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